domingo, 3 de junho de 2012

Representar


Conheci certa ocasião uma alma solitária deste mundo, era bela aos olhos humanos, mas fossemos desencapá-la e ver o real estado de sua existência, chocaríamos a muitos!

Seu sorriso sempre de lado, forçava convencer-nos de que tudo ia bem... O olhar terno e calmo nos trazia uma paz, a ponto de simplesmente não questionar a falsidade do sorriso.

O andar era tão leve quanto às águas de um lago pequeno, em dias de brisa lenta... As poucas palavras, sempre sensatas, traziam acréscimo aos que dela saboreavam.

Admirei-me muito desta alma solitária, vagante deste mundo, poderia ser a mais satisfeita por aqui passando, entretanto já não mais me enganava...

Os olhos que transbordavam paz escondiam desencanto...

O sorriso de lado que mostrava beleza encantadora, forjava o que não passava de dores...

O andar tão harmonioso, representava por na verdade passos sem direção alguma...

Gestos tão calmos e delicados, levados por um espírito aprisionado pelo silêncio...

Conheci esta alma solitária certa ocasião, alma cansada.

Mas que bem sabia dramaticamente representar ao mundo e seus viventes, aquilo que exatamente o oposto á ela se era...

Uma atriz do mundo real, representando num teatro sem teto e de tempo permanente, onde a plateia somos nós.

Onde as dores são reais, as mentiras também, o sorriso em lugar de lágrimas tão difíceis completa a façanha da artista.
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Mas onde infelizmente, o fim não a trará de volta jamais, pois como ela seu teatro e plateia, este também será real...

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