sexta-feira, 29 de junho de 2012

A "Tampa", A "Panela", e Mais "Ninguém"...

Já ouviram falar de um antigo ditado popular qual diz: "cada panela tem sua tampa"?
Um desaforo diria eu acerca dele...
Aos românticos de plantão digo; o que se vê são panelas desprovidas de tampa, e tampas deformadas sendo ajustadas á força pela ocasião.
Diga-me de forma sincera, acha mesmo que toda panela tem a tampa próxima de si, ou então sabe da existência desta numa exatidão tal, que "milagrosamente" se achem de forma fácil e sem esforço nenhum.
E não mais haja a necessidade de se questionar, sobre a deformidade, qual não se encaixa na panela, mas mesmo assim, provando não ser sua tampa, é mais cômodo achar que ajustes são "naturais"...
Não, errado! Quando se encontra a tampa, essa deve vir na exatidão da panela, não deverá haver ajustes, não deverá haver aceitações dessa ou aquela deformidade, pois a tampa certa não vem deformada, ela se encaixa.
Mas a maioria permanece ajeitando até os dias de hoje, deformidades, vedando, ajeitando aqui e ali, trabalho esse desnecessário se tivesse uma porção mais de paciência e espírito analítico para esperar que a tampa perfeita fosse encontrada... Mesmo que não seja agora, mesmo que haja dificuldades para encontrá-la. Mas antes uma espera por algo perfeito, que se apegar em algo que precise de reajustes eternamente.
E por fim, desconectam friamente a natureza dos fatos, trazendo para si, o que não lhe pertence, e tirando de outrem, a "tampa perfeita"...
E ainda enfatizo impudência desse ditado, pois existem as panelas que precisam ser livres de tampa, estas por mais que busquem, nada encontrarão... A questão não é social, pessoal, estética ou emocional, a questão é um "fato".
Algumas necessitam, outras não, e se determinada panela recusa por independência da tampa que á lacraria, essa tampa não terá escolha á não ser refletir a mesma independência...
Triste não é?
Entretanto uma nova maneira de enxergar o por que de ser induzido pelo destino, á uma solidão tão estável, e tão concreta...


quarta-feira, 27 de junho de 2012

Um Sujeito Chamado "Rumo"

Imagine alguns passos sem rumo algum... Alguém procurando esse personagem necessário.
O "Rumo"... Porém, em certos momentos, parece que ele brinca conosco... Foge, se esconde, até mesmo ri de nós.
Pior de tudo isso, é fazê-lo no pior momento possível! Naquele, qual mais necessitamos dele... Então somos obrigados é correr, á maneando a cabeça preocupadamente, procurá-lo feito bonecos em suas mãos.
O "Rumo" não me parece ser um bom sujeito, pois não age de forma justa conosco... Perdemos ele na situação avassaladora da paixão, do amargo e confuso momento do desequilíbrio, qual neste, mais ainda torna-se difícil encontrá-lo.
E então, á passos rápidos, se pode ouvir o seu riso, apartando-se de nós, e ali ficamos, rodeando com os olhos distantes a proximidade, buscando resposta e abrigo, mas não encontrando nada...Pois perdemos o Rumo.
Não bastasse tanto, ainda sequer podemos ignorá-lo, pois sem ele o que seria de nós? Então lá estamos, andando, cabisbaixos, humilhantemente á implorar por este sujeito piedosamente, que volte ao nosso encontro... Pois sem ele, andaríamos demais, cansaríamos demais e exautos morreríamos na desistência, vencidos pelo cansaço.
E enfim, em sua soberba justificável, ele acaba por vir a nosso encontro, e ao estender sua mão retilínia, de um instante ao outro, nos leva á deixar tudo o que antes parecia fim, para um novo recomeço... Mas bem que poderia deixar de brincar de esconde-esconde ;)

segunda-feira, 25 de junho de 2012

DICIONÁRIO ON LINE

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domingo, 24 de junho de 2012

Píer da Vida

O Cais, o Píer... Sempre havia visto as imagens destes em pinturas lindas, que remetiam á uma nostalgia daquele que aguardava por alguém, ou se despedia do mesmo... Mas hoje também me permito enxergar essa bela imagem, como sendo finalmente a resposta de toda uma vida para seu portador que daqui em diante, nada mais há.
Sim, que desta vez, não há mais fugas, não há mais imaginações ou desvios de realidade, nada mais faria transpor o que o fato definitivamente finalizador propõe agora... É o ponto final, o píer da vida.
E então, isso seria tão ruim assim... Seria tão difícil quanto parece? Creio que não, a finalização vem ser em toda obra de arte, o retoque final de uma imensa e árdua manifestação de beleza, falta dela, emoções más e boas, tragédias salpicadas por surpresas, e desejos não correspondidos, ou sim...
O trajeto cansativo da vida, tem seu término neste Píer, e ele é tão drasticamente belo e ao contrário dos dias paliativos, vem curar a ansiedade por algo que não viria, a dor que não há de calar... É sem dúvida um marco desta vida, nada de ruim vejo nele...
O que vejo é um lugar esperado por alguns e abominado por outros, por qual motivo desconheço, todavia como visualizo toda forma de beleza rara em tudo, até mesmo neste Píer, digo; há paz e talvez lá more a felicidade, por que não. Afinal, aos que não á encontraram pela caminhada, talvez estivesse ela já muito á frente, á espera destes neste cais, sentada de costas, com os pés submersos nas águas de um mundo novo.
Como saber... senão alcançando o último passo do Píer, sentando-se ali, e aguardando por fim, o que lhe reserva além do que exaustivo caminhar até agora.
Sim, há beleza no Píer da vida... Eu a vejo.


sábado, 23 de junho de 2012

A Razão

A humanidade tem maneiras estranhas de enxergar a imagem refletida... Não que a maneira do autor seja perfeita, muito pelo contrário. Não existe nada de correto ou perfeito na humanidade, visto que esta é desordenadamente louca e imperfeita, mesmo que se achando o contrário, que pense assim...
O que se percebe com o passar dos anos, dos dias emaranhados um sobre os outros, é que nada e ninguém possui a tal da "razão", essa figura tão célebre, jamais se encontrará em nossa posse!
A razão, o estar com ela em sua totalidade, ser dono dela, mesmo que por um instante, é de fato incoerente e impossível. A razão é completa e definida, é uma figura esférica e unânime, sendo que ao gerar uma controvérsia, deixa de sê-la...
É como se toda a existência dissesse por um momento "Sim ou Não" para alguma questão, de forma unânime, o que jamais houve, não há e jamais haverá.
Somos controversos, nossa natureza discute com o mundo exterior, questiona, impõe, exige, reclama, retruca e discorda constantemente de tudo e todos.
Logo, a razão deixa de existir, pois se eu desconfio da verdade alheia, ela deixa de ser razão para mim...E vice-versa...
Verdades...Verdade? Que verdade, o que é verdade, como saberemos qual é a verdade? Não, jamais saberemos... Pois quanto mais se prescurta, mais se descobre, que menos se sabe, e que mais se foi enganado...Mais se teme, mais descobrir, que muito se pensava saber, e que menos á cada dia se sabia... Temor de descobrir algo mais, leva aquele que aos poucos descobre por acaso, o quanto tem sido enganado pela melancólica falta da sabedoria, e ao buscá-la chocou-se por ter visto, não tinha razão...
A razão não existia nele, nem naqueles que ele confiava... Nem mesmo naqueles que ele também não confiava, ou seja, ninguém tinha razão...
E o mais terrível disso tudo, é que todos estes, tanto os que ele confiava, quanto os que ele não confiava, quais hoje sabe, não possuem a razão de nada, sequer tem noção disso...
Então chega-se a conclusão, melhor parar por aqui, chega de buscas, chega de corridas épicas, sonhos miraculosos... Esperanças angustiantes e românticas, visões talvez levadas pela emoção de um dia alcançar o que aqueles que se confiava possuir a razão diziam existir... Basta!
Agora sim, paz...Silêncio um pouco ainda...Um instante de silêncio, onde talvez a razão possa até que enfim, por ela só se revelar. Sem induções, sem humanidades, sem romantismo ou emoções, apenas,  "A Razão"...

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Perto ou Longe?

A distância é ótima... Amplifica sentimentos, míngua rotinas, e cruelmente inflama os pensamentos, esses então são escravos dela.
Mas ainda que seus benefícios pareçam benéficos, convencer quem sofre pela mesma, torna-se difícil...
Convença aquele ou aquela, que desperta com a mente alongada da realidade onde vive, ou ainda tem em seu interior um constante e ansioso clamor por mover-se dali, e estar menos distante daquele que o seu coração deseja por fim; que isso é "bom".
Não, não será tão fácil convencer, seria convencido do contrário você, de que a distância é a forma mais cruel e perfeita de cultivar uma apatia constante, calada somente quando essa é de alguma forma decrescida.
Deveria ser impossível amar á distância, deveria haver algo biológico, bioquímico ou mesmo cósmico, que fizesse com que a partir de determinado km de distância, todos tornassem desinteressantes, repugnantes melhor dizendo para garantia dos fatos!
Distância... Que dura realidade, benéfica teoricamente, pois mais se assemelha a maior inimiga das paixões.
Será?...

A Beleza da Solidão

Liberdade de pensar, de dizer, ou ainda mais de poder calar, recuar...
Esse é o mundo que alguns buscam, e outros desconhecem, julgando ser algo tão ruim e triste.
De nada tem de triste, menos ainda de ruim, tive a oportunidade de ler acerca da solidão, e me trouxe o desejo de extender tal discussão...
Um fantasma temido por muitos, e almejado por poucos, é um estado de espítiro tão belo que basta que se tenha a sensibilidade aguçada para entendê-la, sendo assim, a admirará.
É como um perfume bom que se sente no ar, e se aprecia por inteiro por não ter que partilhá-lo.
É também como a melodia que envolve todas suas emoções sem que se interrompa o percurso da paz.
Isso é a solidão, é não ter a flecha que transpasse e lhe cause dor, não ver a cena onde o coração se faz cego, mesmo vivenciando-a. E ter um período infinito para respirar essa paz e silencio ao lado do nada, onde ninguém é inimigo ou você presa.
Solidão, é a beleza precisa, de um desejo abstrato qual sequer nós mesmo sabemos qual é, mas que ao tê-la, o sentimos ali.
Se encerrarmos os olhos, desviarmos a imaginação, adormecermos nela, e sorrirmos em sua grandeza eterna e magnífica, saberemos saboreá-la de forma perfeita... Mas o infortúnio de tudo isso, é que  apenas alguns entendem a grandeza da Solidão...

domingo, 17 de junho de 2012

O Pedaço do Poeta

Por um momento o poeta se foi... Talvez até tenho morrido de exaustão... Mas não está presente.
Precisa de um ombro que se foi, e que não estará mais ao seu lado, do olhar tão antigo e puro, que revelava a ingenuidade qual não se vê mais nos dias de hoje...
Precisa das palavras sempre repetidas e mansas, quais já ouvira, mas que daria tudo para poder ouvir novamente...
Deseja tanto sentir a mão tão envelhecida dos dias e anos, nas suas á acalmar qualquer tirania das ruas, ansiedade dos homens... Mas onde estará? Não está mais aqui...Nos sonhos,  o encontra, mas é tão infeliz ao abrir de olhos, e ver que foi apenas um sonho... Parece senti-lo ali, mas sabe, não mais está.
Que desalento, que dor que dança e rasga por dentro....Parece matar o poeta dia a dia, querendo levá-lo até onde foi seu tão amado amigo, companheiro de sentimentos e dores, de palavras que não precisavam ser ditas, apenas o olhar eram lidos... Isso jamais seria possivel de novo.
Uma alma só eram o poeta e seu companheiro... Mas metade dele se foi... E agora vive á vagar tão perdido, precisando de sua outra porção, despedaçado caminhando sangrando, e aos poucos enfraquecendo se encontra... perdendo-se á cada hora do dia...
O companheiro era o homem que o acolheu, que o ensinou, doou e renunciou á tudo, pelo poeta...Ele era seu pai...

sábado, 16 de junho de 2012

Pouco Basta...

Pobre daquele que descobre que uma porção basta... Quisera ser mais rijo seu coração, e exigente daquele que lhe propõe tal porção.
Prostrado se encontrará, ao sentir sede e não puder beber, da fonte que hoje ainda lhe reserva esperanças.
Poucas palavras são necessárias, quase nenhuma ação no momento... Apenas distante o pensamento, ligado se pede.
O silêncio entretanto, amaríssimo inimigo daquele que dependente de um sinal apenas, for perdurar, antes calasse a voz do seu existir, menos amargo seria.
No silêncio, fantasmas surgem á prantear novas histórias, talvez fictícias, talvez as de fato ocorrentes.
Neste mar de medo, da perda daquilo que nunca se teve, maior temor aflige ainda, por imaginar de longe jamais ser possível possuir...
E estes medos, fantasmas e sede constante, faz corações nada rijos, amarem e inflamarem por algo que jamais tiveram, á cada instante mais, e mais...

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Nada Acontece ao Acaso ??...

Existem afirmações coerentes, e afirmações incoerentes, algumas dizemos que "achamos" de fato uma ou outra afirmação, entretanto outras afirmamos haver sim, coerência ou não nestas.
Confuso?
É o seguinte, uma frase dessas liberadas á esmo na internet falava da seguinte afirmação "Nada acontece ao acaso"...
"Hã?"...
Bom, discordo, inúmeras coisas ocorrem ao acaso, inclusive na Probabilidade a Análise Combinatória segundo "Pascal e Pierre de Fermat " explica isso...
Negando essa afirmação "incoerente", resolvemos inúmeras questões, que crendo nesta, enlouqueceríamos!
Por que esteve uma vez naquele emprego, se não ficaria lá para sempre? Ou então, por que perdeu tanto tempo com um relacionamento, se este não era o seu verdadeiro amor? Por que se acreditou em uma ilusão, e hoje sofre essa consequência, se simplesmente poderia poupar seu coração? Foi por um "motivo secreto", não ao acaso? :\
Convenhamos... O acaso, existe, e é muito bom que exista, pois se houver um porque para toda essa degradação da vida de muitos... Prefiro que continue em segredo.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Sensibilidade

A sensibilidade demasiada é algo tão singelo, não deveria existir nestes dias... Não nas pessoas.
É como um cristal em mão brutas, desentendidas, e prestes á deixá-lo resvalar ao chão.
Riscos correm criaturas sensíveis com frequência ao caminhar, dialogar ou expor pensamentos, ferimentos constantemente trazem e cicatrizes incontáveis.
Preferem, quando não entretidas em sua inocência momentânea, o silêncio e a busca por criaturas tão transparentes quanto. Quase sempre permanecem reflexivas, temendo mais um desalento.
Todavia, a reflexão não os protege de um sobressalto, e este não os poupa de mais cicatrizes...
Então que pudessem refugiar-se longe daqui, em um lugar ameno, livre da sagacidade que os rodeia como leões suas presas.
Onde as palavras são singelas como eles, e as mãos que os carregam, floculadas feito nuvens...
Onde as palavras que ouvíssem fossem as que comumente dissessem com seus sorrisos e semblante honesto, e pudessem sem medo de fitar os olhos de todos, crendo, não trazer destes mais cicatrizes em sua alma...
Um sonho? O Paraíso? Delírio? Não se sabe... Apenas se afirma, que apenas nesta forma de espaço, é viável criaturas de demasiada sensibilidade, se sentirem em casa...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O Dia Após O Fim Do Mundo

O dia após o fim do mundo... O mundo não terrestre, marítimo ou cósmico, mas o mundo de um ser humano...
É como se este estivesse ainda em anestesia, estagnado permanecesse tentando assimilar que o fim que tanto temia chegou, para alguns o fim de 4, 8, 18 ou até 120 segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos... Desde quando o mundo gerado no interior de alguém é mensurado através do tempo?
Não amigo (a) leitor (a) não é... Estes mundos são gerados através de magia, de química, emoções, perfumes, movimentos, silencios e vozes. Quem afirmar o contrário não sabe gerar tais mundos dentro de si, antes vivem de restos dos mundos deixados por aqueles que frustrados foram quando os seus, tiveram seu fim...
O fim deste mundo é o desmoronar de um castelo de areia, seguido das ondas do mar á levá-los a lembrança minunciosamente, não haverá sucesso diligenciar resgatá-lo.
O fim deste tipo de mundo é feito um buraco negro, traga toda forma de energia presente, e por instantes lhe parece sucumbir definitivamente... Até que se vê ainda vivo, inspirando pouco, mas sobrevivente de tal catástrofe total...
E então se deduz que manteve-se vivo após o fim do mundo, pela maravilhosa natureza humana, de hora ser dilacerado, e em questão de um tempo incontávelmente diminuto, renascer de suas próprias cinzas e delas gerar e fazer girar um novo mundo!


terça-feira, 12 de junho de 2012

Perigo Iminente

O maior temor da humanidade não deveria ser a violência, catástrofes naturais ou patologias incuráveis... O maior temor deveria ser quando se dá conta de que o coração adoeceu, e dependente se encontra de outro agora...
Isso sim, deve preocupar a humanidade, mais devastador que todos os  eventos anteriores citados, este quando culmina destrói, não de uma só vez, mas de forma lenta e precisa...
Perigo sutil, é este que surge, não há prévio aviso, tão menos profilaxia, envolve num lapso um todo, e quando se pensa em partir, tarde é para tal.
Que temor deste mal, que sabor tem de bem, mas em meio ao rastro dúbio, é perigo não tão belo como pintam por aí... Acautelemos deste vento que surge do além, que envolve e nem sempre envolve á dois, se tornando ainda mais terrível e possível de causar danos maiores...
Ah se houvesse vacina para esse terrível perigo iminente... Teríamos evitado a morte de apaixonados incondicionais, poetas e romancistas tomados por suas almas frágeis laçadas, mas ainda não há...
Mas suspiro e penso...Apesar de temer desesperadamente esse mal perigoso, e tentar ignora-lo racionalmente, o coração, em sua cândida visão deste envolvente sentimento, consente que mais uma vez, se adoeça desse "mal" que sabor tem de bem...
Infelizmente, somos frágeis demais para vencer pela razão...

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O Mundo Dá Voltas, Mas isto é Constante...

Caminhando por conselhos de "amigo"... Esbarrei em uma amiga antiga, qual me trouxe o passado á tona.
Toda a tarde foi tão longa, me foi dito mil palavras nas horas.
A alegria me tomava, até que então lembrei dos dias.
Dias em que ela me buscava, pela mesma alegria que dava.
Esta troca de alegrias, era a prova que os dias, nunca são entendidos.
Hoje subo as escadas, que amanhã terei de descer.
E as mesmas que desço, posso amanhã retroceder.
Nada sei deste destino, hora sou quem acalenta, hora busco quem me socorra.
Nela vi a força que um dia, tive a alegria de repartir.
Hoje recebo de volta o mesmo, de forma humilde, a me impingir.
E aceitei o presente da tarde, vindo do sorriso da amiga.
Fazendo do caminhar deste dia, um cenário estranho, que intriga.
Não pensei desta forma há tempos, e agora me acalenta o entender.
Fazendo das dúvidas, e dores sem sentido, por este dia e caminhar esvaecer.
Somos todos participantes de trocas, hoje oferecemos dores, amanhã seremos por elas tomados.
Hoje, oferecemos amores, para amanhã recebermos de alguém, o sentimento de amores trocados.
Inevitável...



"Armadilhas de Um tempo"

Aqui vai um pouquinho de Armadilhas de um Tempo... Um trecho que define vilões e mocinhos...Espero que gostem :)

"...Na mesa do café da tarde conversavam em tom baixo, lendo livros e a sagrada escritura no latim, comparavam a tradução para outras línguas afim de interpretar da melhor forma possível... Brício fez questão de esperar que Romeu ficasse sozinho, e então o chamou cautelosamente de lado.        – Sim amigo, o que o inquieta?

- O que minha esposa disse a você?

- Oras Brício, eu me enganei... Deixe esse assunto, por favor.

- Ela está com as mulheres no andar de cima, não vai ouvi-lo, apenas me diga a verdade para que eu não venha a desconfiar de sua integridade.             – Romeu analisou as palavras do amigo, e então resolveu depois de um suspiro preocupante dizer a verdade.

- Brício, eu vou lhe dizer o que sei, nada mais, não o que imagino ou penso, mas o que realmente sei.

- Por favor.

- Antoinete me procurou algumas vezes, com conversas estranhas, que confesso não entendi bem até hoje.

- Diga-me por favor...   –Brício o ouvia atentamente.

- A primeira vez me disse que vocês planejavam enviar Catalina para um convento, algo nesse sentido, em missão...                    – Brício sentiu um gelo na espinha, temendo pelo restante.

- Depois nunca mais insistiu nesse assunto, e de repente me pediu o endereço e nome dos inquisidores mais perigosos de Roma, na verdade uma lista.

Houve silencio, Brício sentiu uma dor no peito, e sua mente parecia uma bomba prestes a explodir....            – Inquisidores?

- Sim Brício, e não me pergunte o por que, pois a resposta que ela me deu, foi vaga demais para que eu acreditasse...

- Porque não me disse isso... Sabe o que isso pode significar não sabe Romeu?

Os olhos de Brício pareciam fumegar agora, envermelheciam á cada instante, e ao fitar num silencio profundo os de Romeu, esse perdeu sua voz.

Brício então o deixou ali parado e silente, e acusando-o com aquele olhar saiu furioso ao segundo lance de escadas chamando a atenção dos amigos que na mesa de jantar discutiam os capítulos da Bíblia... Esteban em um ar meio inocente franziu sua testa não compreendendo, mas percebendo algo de estranho no ar... Saiu da mesa se dirigindo á Romeu que sentara no sofá com um semblante de desapontamento nítido.

- Aconteceu alguma coisa Romeu?

- Espero que não...               – Esteban continuou á não entender, então voltou á mesa tentando se envolver novamente com o assunto da discussão. Mas no quarto de Brício, onde as mulheres conversavam de assuntos do universo feminino... Este entrou em sua fúria abrindo a porta subitamente, assustando as três. – Por favor preciso conversar com Antoinete.                     – Amália e Angelina não compreenderam a reação atípica do tão calmo e terno Brício, não estava em si... Tão pouco Antoinete entendeu, mas desconfiou.

- O que houve amor?            - Perguntou carinhosamente ao ver que estava só com o esposo de olhos furiosos... Brício como um animal se aproximando da presa caminhava em direção á ela fumegando a raiva em seu olhar.

-Não me chame de amor, jamais me chamou assim, por que haveria de chamar-me agora?               - Tomou-a agressivamente segurando-a pelos braços numa revolta talvez jamais vista, Antoinete arregalou os olhos pela fúria do esposo...    – O que está havendo, está me machucando!

- Machucando? O que você entende por machucar? Imagina o que seja machucar... cortar...dilacerar... fraturar... sangrar... torturar?

- Do que está falando, está ficando louco, me largue Brício!!

- Não sabe o que é dor, pois espero que não saiba para que eu acredite que há uma porção de piedade escondida em sua ignorância.

Pois se você soubesse o que o santo ofício faz aos que caem em suas mãos não faria o que fez á pobre Catalina, sua maldita fornicadora!               

Jogou-a por fim na cama em uma fúria devastadora, saltou sobre seu corpo indefeso agora no meio aos lençóis e segurando seus pulsos finos com força e ira prosseguiu com o cuidado de falar em baixo tom, para que ninguém mais ouvisse.

- Como pode vender sua amiga por uma noite que jamais terá sua desgraçada!!          - Segurando com força agora o queixo de Antoinete parecia tentar mata-la, ela então desmanchando em lágrimas teve medo de abrir a boca.

Brício, desejou bater em seu rosto, mas desviou o soco no travesseiro estupidamente se compadecendo dela. Então se levantou levando as mãos á cabeça e descabelando-se em loucura; olhou-a na cama despojada e desmascarada em prantos...              – Você merece a fogueira da inquisição, mas que qualquer um nesse mundo...É a mais vadia de todas as vadias... Cheira á putrefação, Esteban terá nojo de você quando souber que a pobre Catalina foi traída por uma mulher insolente e maligna como você! Tenho vergonha de ter você como minha esposa...Suja! Imunda!                              - Brício enlouquecido deixou-a na cama e quando ela percebeu que ele se dirigia para a porta, temendo que revelasse á Esteban gritou de repente

 - Eu estou grávida!!               - Brício parou com a mão na maçaneta da porta, ainda de costas para a esposa essa repetiu em tom menor:

- Estamos esperando um filho Brício... Por favor tenha misericórdia de nós dois.

Ele ainda em silencio engoliu uma saliva amarga, sua alma dilacerada pela verdade, pelas acusações sequer defendidas pela acusada, provando que eram reais... E agora essa revelação. Então virou-se para ela e com o semblante sério, sem emoção alguma respondeu:                      - Foi salva pelo acaso, mas quando esse inocente vier ao mundo, Esteban saberá. Prepare uma boa desculpa durante os meses que virão até o nascimento da criança.

Virou-se deixando-a no quarto á pensar, Antoinete respirou tranquila agora, voltou a deitar o rosto no travesseiro socado pela mão pesada do esposo, e chorou amargamente pela mentira desta vez de sua gravidez..."



domingo, 10 de junho de 2012

Colhedores de Dignidade...

Mendigos, mendicantes, pedintes...Pobres criaturas? Não...Não vejo assim, mas as vejo dessa forma:
Há beleza na mais pobre criatura, eu sei.
Há interessantes contos na boca mais simples, eu ouvi.
Há resistência tamanha contra a violência dos ricos, compartilhei.
Há esperança mesmo não lhe sendo proposta, á possuo.
Há amor nas entranhas daquele que nada teve á oferecer, em mim há.
Há sabores nos pratos ralos das ruas, confirmo.
Há um frio diferente no relento sem teto, presenciei.
Há temor sem que possa nada fazer, tentei minimizar inúmeros.
Há calor nas mãos ásperas daquele que nos teme, ás curei.
Há saudade no peito solitário dos imundos, me contaram.
E sobretudo, há dignidade, que talvez colhem pelas ruas enquanto muitos que não mendigam, as jogam pelas costas.
Fazem para si uma cesta pesada, de histórias e lembranças, vivem á mercê de mim, de ti, de todos...E ainda são ditos como indignos de respeito ou admiração.
Não, não os denoto pobres criaturas, pobres somos nós, que não temos a capacidade de ver o que vêem, de possuir tal valentia diante das circunstâncias que o envolvem.
Os denoto como aguerridas criaturas, que jamais seríamos sequer capazes de atingir sua audácia, e sobretudo humildade.

Sensatez...Insensatez...

Ah como gostaria de poder dizer a verdade...
De olhar nos olhos, e contar o que sinto...
Contar o que sinto sem medo...
Nem que mal interpretada fosse por isso...
Ah como gostaria de contar que não esqueço...
Que só penso desde então nos minutos...
Que antecedem os que virão...
Que prometem me trazer mais momentos...
Que prometem, mas não acredito...
Nem mesmo desejo crer...
A decepção é inexistente na descrença, e mortal na confiança rompida.
Não se deve crer em nada, nem mesmo em seu coração,
este então, é o mais traiçoeiro para aquele que deseja "pensar"...
Mas a sensatez discorda com a insensatez...
Enquanto uma calmamente analisa os fatos visando de forma ponderada cada evento,
a outra grita internamente levando o mesmo corpo á uma erupção química de desejos pelos mais distantes fins, quais sequer soam conforme a realidade que nos rodeia.
Mas que desventura haver duas trilhas...
Um sonho, uma dúvida e duas vidas, a sensata e a insensata, aprisionadas em um só ser.

Influências Sobre Nós!

Olhando no mais profundo dos olhares venho me questionar, será realmente que o ser humano necessita de uma "bengala" chamada de influências sejam estas benignas ou não? Ou seria a malidiscência ultrajante e vil, participante de sua natureza pura?
Seria a piedade e a boa índole sobrevinda de algum espaço superior, ou é livremente arbitrário á cada um?
Cada olhar emana sua verdade maldita á cada ação impulsiva, resposta irônica e lascívia ocultada...
Quer um exemplo corriqueiro?
Como crer num beijo de segundos que morre em minutos e se extingue em horas para ser esquecido dali alguns dias?
Ou ainda, como enxergar um político esboçando seus dentes, enquanto maquina em sua mente contra seu povo qual lhe acolhe? Não parece este feito e caráter demonstrado pelos humanos algo provindo de alguma influência inferior ou superior...E sim de sua própria natureza incostante, perversa e descartável.
Então se chega a uma conclusão, que além de culpado pelo crime da má índole, muitos duplamente o cometem, acusando "entidades" que o influenciam supostamente, á os cometerem... Repugnante, revoltante, mas desgraçadamente fato consumado.
Acredito existir sim algo superior e inferior, além de nosso medíocre limite do conhecimento, entretanto, não creio e não me submeto á afirmações e argumentos onde se transfere a totalidade da culpa á estes "seres" quais se encontram, muito além sequer de nossa imaginação tão restrita.
Mas confesso, ser uma estratégia digna de admiração pela ousadia, biltre á altura do perfil da maioria que mantém tal costume ;)

sábado, 9 de junho de 2012

Fariseus do Século XXI


Li certa ocasião, pela qual me lembro e me trouxe á escrever neste momento, acerca da disseminação do homossexualismo, drogas, violência nas escolas e geração Y... Classificam uma geração através de uma consoante!Paciência...
Pois então, como de costume, coloquei-me á refletir em minha ignorância introspectivamente, buscando do mais profundo princípio já hospedado em mim, para compreender o que se passa na mente de seres que pensam possuir nas mãos o direito da classificação do certo e do errado...
Pense comigo, coloquei de um lado seres "superiores", que se colocavam na posição de justiça e acusação, seres intolerantes, quais muitas vezes afirmam amar acima de outros seu próximo!
Seres que não toleram um próximo "defeituoso", apenas supostamente "perfeito" como ele... Seres fúteis e tão superficiais, que deixam facilmente de amar simplesmente se esse próximo for ou cometer algo, que para ele não seja o que espera...
Seres não menos violentos que a violência que grita nas ruas, ao menos esta é sincera o bastante, e não sínica e mascarada.
São possuidores de vidas doces, e corações amargos, onde cerram possuidores de vidas amargas e corações doces, vidas levadas á esse patamar sem escolha alguma...
Seres que se enojam dos viciados, mas não vasculham seus corações, nem buscam saber quão estes buscariam a paz se houvessem em menos quantidade, seres como estes, quais me refiro espalhados na Terra...
Seres que apontam prostitutas, mas não choram sua dor, no silêncio do meio dia... Maldizem a nova geração adolescente, mas se esquecem, que são responsáveis pela suas características principais, egoísmo, individualismo e solidão. Reflexo de uma sociedade onde família se extingui diariamente como os dias de vida, onde o chefe de família tem sido o computador e mãe suas redes sociais...
Até quando estes seres vestidos de santos, hipócritas que caminham lentamente sobre a Terra, estenderão sua mão e se farão juízes contra uma sociedade já tão ultrajada e dilacerada, questionei á mim mesmo... Não obtive nada mais senão um suspiro cansado, vindo longamente do peito... Mais uma vez, um clamor por algo que só se pode indignar-se... Então, mais um pouco de paciência.

Porção de Gloso, a Chave da Coerência Humana

Ando sendo malidicênte, ou apenas sorrateiramente glosa...Não sei ao certo, diga-o você, leitor.
Descubro a frieza em tudo...
Percorro a mentira em todos...
Refuto qualquer palavra reproduzida...
E aceito veracidades doloridas...
Enxergo além da pupila humana, onde escondida a alma se encontra...
Procuro calada a verdade, na lama dos dias de hoje...
Sorrio querendo chorar, por ver olhares tão púnicos, tornando-me cinicamente semelhante por desejar chorar ao invés de sorrir...
Me indigno diariamente e a cada instante, buscando equilíbrio na dor,
de frequentar ruas e rios de hipocrisia, agindo com certa apatia á isto.
Temo estar me aderindo á fôrma, e reluto em espírito contra a natureza conformista.
Com isso o corpo, a alma e o olhar, vão tomando formas estranhas ao mundo, que questionam a diferença de não conformar-se com a impostura repugnante do que se denomina sociedade humana...

*Significado de "Gloso" -  v.t. Fazer glosa de (texto ou palavra); comentar, interpretar.
Compor (glosas), desenvolvendo um mote.
Censurar, criticar, repreender.
Anular ou recusar (orçamento, conta, declaração de renda etc.).
V.i. Compor glosas.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Acordando do Encanto...

Nada que seja dito em certos momentos é o bastante á ponto se convencer o irrefutável.
O barulho lá fora pode insistir bravamente, mas a constante dos pensamentos lineares daquele que compreende, cala-se frente á insistência exaustiva exterior.
No momento em que o sentimento torna-se desatento, a razão ocupa a lacuna esperada, e nada, nada mais será visto de forma poética e benigna, mas racional e sensata.
Sensatez diverge do romantismo cego e doador, e o que antes fora momentos de haver aceitação insana disseminada, agora vem a ser análise fria e realística do medo de sofrer.
O peito que bate forte demais, sofrerá tais consequências, tolice desnecessária o é, entretanto, aquele que esforça-se em meio ao imenso prazer de sonhar, estancar tal batimento desordenado, terá sucesso.
Vejo isto, sinto isto, assisto isto, ouço isto...E sobretudo, confesso com toda certeza poética da alma, que temo a clareza de que, este deva ser o cenário de seres providos mais de sonhos, que de realidade.
 

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Segredos...

Qual a significância dos segredos?...
São efêmeros quando ecoados á falsos amigos, e eternizados além de nós quando bem recolhidos.
São fatais se denotados em errôneos momentos, e vitais aos que deles sobrevém.
Nada mais infinito e perfeito que o segredo da cumplicidade... Desta, proximidade nenhuma vence em privilégios.
Cúmplices são almas que falam, que gritam de forma tão livre e fácil, sem que o mundo os enxergue... Não necessitam de capa ou máscara, pois só é deles, o segredo que os mantém assim...
A beleza não será superada, do olhar silente, ou frase intercalada, bem compreendida entre eles, e jamais sabida pela platéia dos arredores do mundo...
Nada mais tranquilo e simples, prazer é gerado pela consciência de saber que o segredo existe.
Segredo dúbio, sutil e cúmplice... Tais elos, maiores são que quaisquer outros, pois mesmo não havendo nada físico ou material, já revela que muito maior fora tal ligação...
Enfim, segredo é uma ponte visível apenas aos cúmplices, qual serve de transporte á estes, para que se unam em suas silenciosas emoções jamais descobertas pelos que não a enxergam.

Corações Não Escondem Emoções...

Como é difícil ter olhos tão tolos as vezes...Quando mais se deve ser frio, calculista, até se é, mas calcula-se a matemática errada... Não a logarítima ou a geométrica, tão pouco a estatística. Mas a das emoções, recordando-me de um evento recente, quando cursava perfusão extracorpórea trouxe á tona as cenas de uma tarde de olhares, sorrisos e silencios que jamais esquecerei...
Era um dia de cirurgia qualquer como outro no Hospital das Clínicas da Universidade de Campinas, eu fazia parte da equipe de perfusionistas que estavam se preparando para se formarem ali um ano, e atuarem em cirurgias de grande porte, transplantes de coração entre outros procedimentos cardiológicos. O paciente estava descansando na maca e aguardava os procedimentos pré operatórios, até aí nada poético, confere.
Meus pés insistiam procurar o cirurgião para acompanhar de perto a incisão do tórax e o procedimento completo desde o início. Em contrapartida, o professor de CEC insistia que eu voltasse ao meu posto da máquina de circulação extracorpórea juntamente com os outros perfusionistas, quais sempre fugiam aleatoriamente também, e nada mais nos restava fazer, á não ser...voltar. Em nosso grupo de perfusão, havia duas biomédicas, um biomédico, e duas enfermeiras. Biomédicos são frios, isso é fato, exceto os poetas ;)
Enfermeiros, não sei dizer...E não me arriscarei...
Mas vi algo além do meu lado biomédico, afinal, vivo com duas almas entrelaçadas e inundadas em um só pensamento, a poesia versos a ciência, ambas brigam e se amam, ferozmente e se torna impossivel não enxergar o que para muitos passaria desapercebido...
Centros cirúrgicos não são frios, são gélidos... Os passos não são ouvidos, se usa "crocs", sim aqueles calçados terrivelmente horripilantes, desculpe-me aos que acham belos, o blog é meu... inclusive tenho que admitir, adquiri um, e andava com ele. :(
As roupas desinteressantes, ou verde, ou azul... usamos pijamas para ser mais sinceros...Não há poesia nenhuma naquele lugar, há um silêncio e um sentimento de morte iminente, uma apatia no ar, não por parte do ser humano, mas do próprio centro cirúrgico em si, como se este pudesse ter vida própria!
Até que uma tarde, diante dos meus olhos, e de uma situação tão rotineira quanto as que tinha presenciado anteriormente, senti algo viver naquele local tão frio, tão apático até então...
O tórax expunha a lacuna e o espaço que receberia o novo órgão vital, na bandeja o antigo ainda pulsava solitário, levei minha mão até ele e senti seu calor, nossa! O meu saltou numa emoção que jamais esquecerei...era imensa a sensação, um coração pulsar em suas mãos, e outro em seu peito!
Um silêncio tomou conta de repente daquela sala de cirurgia, todos rodeávamos o paciente, atentos, e os olhares tão sérios e lábios cerrados nos faziam parecer quase manequins vivos agora...

Um só foco, o coração estava conectado artéria e veias, cânulas da perfusão estavam sendo aos poucos desconectadas, e quando o segundo crucial onde aguardamos que ele pulsasse por si só foi vivido... Eu pude vê-lo como minutos infinitos, era como se eu pudesse ler aqueles olhares, houve lágrimas contidas e a frieza já não mais existia, uma paz e uma claridade parecia tomar conta de cada semblante, e por mais que tentassem esconder, houve um sorriso em cada rosto, tensionado para que ninguém percebesse a emoção... Uma emoção renovada, talvez tivesse sido a centésima cirurgia daqueles cirurgiões, mas o coração que pulsa no peito deles, não entende disso, e como o meu pulsou ao sentir o solitário órgão naquela bandeja, os deles pulsam até hoje pelas vidas que salvam todos os dias!

Vulnerabilidade Das Emoções

Soube hoje de um caso de beleza grandiosa, onde uma história de amor estava perdida, e renasceu de repente; foi tão inesperado o retrocesso da história, que difícil foi crer que ocorrera.
A dor que trás certas desilusões, são tão declinantes, que por mais que o autor desta, enganado estude seu ato e converta o caminho, não mais reaverá sua perda...
Mas neste caso houve salvação, por mais que pouco, ainda socorrera a amada por um fio... A perderia por instantes talvez, entretanto num clamor inexplicável de espíritos enlaçados, buscou-a á tempo.
Houve troca de perdões, palavras soltas entre beijos, abraços distantes e sonhos reavivados.
Houve uma paz que silenciou qualquer som que não fosse o de seus corações, e o desespero da perda, as lágrimas e gritos de alma se foram...
Só restará para esta história um decorrer contraditório á tudo o que os fatos amaríssimos mostravam serem tão previsíveis...Mostrando á vítima destas dores, e ao causador destas, que somos seres vulneráveis e jamais imunes ás surpresas desta vida.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Vícios São Terríveis?

Vícios, são terríveis não são? E terríveis os viciados também não? E digo mais, também os hipócritas que os apontam!
Pois seríamos praticamente todos apontados neste caso...
Aquele que deseja sentir o perfume do outro desesperadamente, a ponto de uma confusão tomar-lhe a mente tornou-se dele um viciado!
Aquele que sucumbe os olhos inconscientemente ao se deixar lembrar da voz que um dia soou, nem que tenha sido por um dia e meio, tornou-se um viciado!
Aquele que caminha os mesmos passos, mas que pensa serem muitos, pois os dias se triplicaram pelo desejo de rever o único que acalentou teu coração, tornou-se um viciado!
Aquele que não pensa mais tão claramente, não responde tão prontamente, não dorme tão tranquilamente, e apenas tem paz ao lembrar-se da paz daquele que a emana, tornou-se um viciado!
Aquele que percebe tal dependência, precisa buscar essa droga, da qual esse vício o sustenta...
Pois de nada resolve tratamento ou cuidados... Nem sequer há desejo dos mesmos.
Vícios são terríveis não são?
Todavia este, não se aponta de forma alguma...


terça-feira, 5 de junho de 2012

Meias Palavras...

Tão forte são as palavras em sua essência, que por mais sutil que seja, surte seu efeito desejado.
Seja no início, ou no fim, uma única palavra, muda percursos de pensamentos, de sonhos e de esperanças.
Transforma o que era alegria em dor, e dor em alegria...
Traga toda energia de um espírito, ou eleva-o aos céus...
Não precisa muito, uma única palavra, e tudo se esvai, ou tudo se completa...
E para bons entendedores, meia delas já se basta...

"Calíope", a Musa Grega da Eloquência

Um singelo recado...

“Agora tu, Calíope, me ensina
O que contou ao Rei o ilustre Gama;
Inspira imortal canto e voz divina
Neste peito mortal, que tanto te ama.
Assim o claro inventor da Medicina,
De quem Orfeu pariste, ó linda Dama,
Nunca por Dafne, Clície ou Leucotoe,
Te negue o amor devido, como soe.”
Fragmento de “Os lusíadas” — Camões

Apenas para quem o decifre...
Seria esta?
;)

domingo, 3 de junho de 2012

Representar


Conheci certa ocasião uma alma solitária deste mundo, era bela aos olhos humanos, mas fossemos desencapá-la e ver o real estado de sua existência, chocaríamos a muitos!

Seu sorriso sempre de lado, forçava convencer-nos de que tudo ia bem... O olhar terno e calmo nos trazia uma paz, a ponto de simplesmente não questionar a falsidade do sorriso.

O andar era tão leve quanto às águas de um lago pequeno, em dias de brisa lenta... As poucas palavras, sempre sensatas, traziam acréscimo aos que dela saboreavam.

Admirei-me muito desta alma solitária, vagante deste mundo, poderia ser a mais satisfeita por aqui passando, entretanto já não mais me enganava...

Os olhos que transbordavam paz escondiam desencanto...

O sorriso de lado que mostrava beleza encantadora, forjava o que não passava de dores...

O andar tão harmonioso, representava por na verdade passos sem direção alguma...

Gestos tão calmos e delicados, levados por um espírito aprisionado pelo silêncio...

Conheci esta alma solitária certa ocasião, alma cansada.

Mas que bem sabia dramaticamente representar ao mundo e seus viventes, aquilo que exatamente o oposto á ela se era...

Uma atriz do mundo real, representando num teatro sem teto e de tempo permanente, onde a plateia somos nós.

Onde as dores são reais, as mentiras também, o sorriso em lugar de lágrimas tão difíceis completa a façanha da artista.
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Mas onde infelizmente, o fim não a trará de volta jamais, pois como ela seu teatro e plateia, este também será real...

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Surpresas Em Meio Ao Caminho


Vá sem preocupações de encontro ás cegas com surpresas do destino.

Mas vá calçado de cuidados, preservando seu mais íntimo tesouro por si mesmo escondido.

Cuidado com a insolência, pensando ser forte o bastante mediante qualquer surpresa, seja esta qual for...

O destino se ri de corações presunçosos com tais certezas, fazendo destes, marionetes de suas emoções.

Vá de encontro ás cegas com as surpresas pelo destino reservadas, porém muito se guarde...

Embrulha os sentimentos, envia-os para o mais alto céus, antes que sejam tomados por um instante, e depois disto, jamais retornarão á ti...

Mas se ao acaso, for levado á enxergar a alma desta surpresa que o destino lhe preparou de antemão, observa-a bem.

E vendo nela a paz em meio á tão estranho caminho tomado, entende, aplaca a cautela e simplesmente aceite-a de todo o teu ser...
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