sexta-feira, 27 de novembro de 2015




Há que ter forças para se ler certas palavras...
Não são estas para qualquer um.
Os que leem sem sentir, nada entendem.
Os que sentem, correm o risco de feito as palavras
sangrar pelos poros desapercebidamente.
As frases aqui escritas, são de mãos que sabem lamentar,
mas não lamentam.
Que sabem como é a dor da alma transpor o suportável, vir-lhe demasiadamente a ponto de adoentar músculos, ossos e nervos...
Ainda assim, negar.
São escritas por uma mente que sabe, ainda que túrbida, dramatizar perfeitamente o oposto.
E ter sucesso.
Adormecer mais de dois dias num sono entranhado, onde ao despertar dos olhos, as lágrimas adiantam antes destes.
Então novamente adormece buscando a paz. 
Que emite resplandecência no olhar, onde sua única luz se encontra concentrada ali.
E nada mais.
Arraigado nela já cronicamente, um peso recai e a angústia clama que tudo termine, que tudo se vá, que tudo lhe dê paz e trégua.
Trégua de quê? O que se vá? 
Não sabe já há tempos...
Então o destilado destrói os neurônios, quem sabe sucinto assim sejam os momentos.
Não! Logo desperta e mais um poema lhe nasce da dor. Sempre assim...
Ama intensamente e deixam de amá-la.... Amam-na e perde o desejo por esses...
Assim, jamais encontrando satisfação no amor.
Fala de amor e não o conhece.
Mas da dor dilacerante e visceral que a esmaga a ponto de liquefazê-la, desse mal sabe muito, as mãos que escrevem essas palavras. 
Sangue vertido todo tempo, dor alimentada toda noite, lágrima emergente, construindo letra a letra de cada palavra escrita, palavra que sangra os que sabem senti-las.
Ou então, que sequer serão conhecidas pelos que não absorveriam sua essência, caso sejam frágeis ou supostamente felizes demais.





quinta-feira, 26 de novembro de 2015






Acordou em dúvida...

Confuso...
Tocava as mãos frias, observando-as fixamente.
Permaneceu por alguns segundos nela.
Sentiu um vácuo tão intenso na área do peito,
que o levou a questionar se ainda vivia...
O tempo parou, desejou aquilo.
Ainda numa imprecisão de todos os sentidos, sentiu carência.
Olhou ao redor e não viu, não viu nada! Só um cinza fosco, nenhuma luz sequer.
Cerrou os olhos, mas parecia ter perdido as pálpebras, pois o cinza que lhe cobria continuava ali.
Temeu... Então desprendeu as mãos e percorreu dos pulsos ao ombro, gélido como nunca sentira nada!
Um vazio... Um vazio triste e imenso, segundo a segundo o dissipava com precisão e delicadeza. 
Não era ruim, não era bom, apenas era. 
Desejou continuar assim, acabando-se, terminando-se, findando-se. 
Tornou-se um prazer desmanchar-se devagar, calma e pacificamente naquela dúvida...
Naquela incerteza de ser, estar ou não mais ali...