sábado, 12 de dezembro de 2015



RECORRÊNCIAS








A decepção fortalece a muitos, a muitos não passa de efeito redundante.

É uma espécie de vai e vem de uma balsa, em águas nem calmas nem agressivas. 

É algo previsível e ainda assim, inaceitável! Surpreendente! 

A cada fim anterior, se aguarda que este tenha sido o último. Mas não, ela logo apresenta-se novamente num desses shows bem lotados, onde espectadores aguardam de nós o Epílogo recitativo. 

Um ser emaranhado na decepção, sente como que seu segundo ser interno, o ligado às dores e alegrias, sensações e desejos, por instantes sofresse uma desconexão... Como se o carnal fosse adiante e o intocável retraísse temeroso. 

Não é que se ama demais a pessoa que traiu, ou que a deseja de volta, não, nem é essa a questão! 

É o inaceitável por assistir pela milionésima vez o mesmo filme de comédia onde o protagonista é você. 

A busca interminável pela Filosofia e Física Quântica, pensando que talvez explicassem questões como: "Enganar o outro enquanto poderia dar-lhe a realidade", ou "Ser indiferente à dor enquanto o outro se dispõe a amar". 

E finalmente concluir que estudá-las não é a solução, após já muito exausto decidir não mais se expôr, se impor, confessar... Mas até quando? 

Esta é a grande pergunta, e, sobretudo, a chave para que se abra a porta de uma prisão dolorosa, fria, empoeirada e opressora. Onde o ar que se respira é denso e impuro conhecido como "círculos viciantes".

E agora...
Agora no ritmo do som longínquo de um piano ouço a partitura das minhas consequências.

Uma a uma, intermediadas pelo som de um violino triste, ainda mais que o dano antes causado.

E a revolta desse destino trágico vem ser o redundante opcional pelo desprezo...

O desprezar daquilo que foi por outros desprezado.

Afinal, nada mais eficaz para extinguir o que nos faz perecer, que destruí-lo definitivamente.

Mesmo que este, sejamos nós mesmos. 




























Escritora Tereza Reche

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