ÓPIO
É na dança das cadeiras da vida, que se destacam aqueles
que cedem demais...
É durante a ação do ópio que se entende o significado da Paz.
É no momento em que se percebe, num relance que o amor nunca houve que se deseja o sonífero.
É no sentimento intenso, seja bom ou ruim, que se regenera...
É na letargia diante do óbvio,
que se sobrevive ao que os olhos temiam ver, a mente entender e ter de aceitar.
É quando o Céu parece um engano, a paz distante pra si e a dor, condenação justa.
Que o silêncio se torna a escolha, o pensar, fadiga valiosa e, objetivos... Utopias inodoras, incolores e insípidas.
É assim que se constrói o amargo no ser... De um segundo a outro num insight a lhe entorpecer...
Negando-se tudo que é, sente, deseja e compreende.
Analgesia entranhada desde a pele até o mais profundo de si.
É assim que se faz aquele que cedeu as cadeiras, que desejou sucumbir a realidade ter...
Na mentira o dilaceraram? Na hipnose imergiu até que o desliguem do caos.
Desordem periférica, tormento da qual ninguém vê.
Ninguém...
Ninguém...
Ninguém...
É quando, entorpecido de falsa leveza, não mais se importa com o que lhe traga, mastigando-lhe as carnes em estado de putrefação visível à todos.
Só ele não vê, pois seu ópio da paz lhe preserva, escondendo o Mundo dos olhos, o som da verdade e o deixando finalmente, descansar.
Escritora Tereza Reche
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