domingo, 6 de março de 2016



Trocando Pele


E na manhã em que despertou vazia e em paz, sentindo a mais dolorosa falta, mas sossego convenceu-se:
Nascera para estar consigo mesma. 
Fim.
E na tarde em que a passos longos sua alma chorou sem libertar pelos olhos uma sequer lágrima, soube:
Não se sujeitaria mais a sonho nenhum. 
Fim.
E na noite em que no céu avistou a estrela mais atípica de todas, e a ela jurou não mais permitir que a amassem, mesmo amando por todos seus poros:
Adormeceu em silêncio.
E finalmente evoluiu para sua nova pele, seu novo ser, para o que sempre fora e não compreendia até então.
Fim.
Pele fresca e rigida, não mais receptiva. Textura retilínia do vidro, aspereza de uma serpente, assim se fez sua alma em segredo bom e pacífico. 
Manto para sua paz, sombra para o calor infernal, silêncio para o tumulto lá fora. 
Fim. 
















Escritora Tereza Reche

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