sábado, 6 de fevereiro de 2016



DELÍRIOS DE CASSANDRA



Cassandra despertou densa, cansada e como de costume pensando no mais terrível dos devaneios. Porém, ao tomar o primeiro gole de café, pode sentir algo inusitado aquela manhã silenciosa. Era o início do mês segundo do ano, e o correto era o agitar das comemorações do carnaval tomarem conta das redondezas de tudo aquilo. Porém não, um silêncio quase a ecoar do vento tomou-lhe o redor. Levantou-se e diante da grande porta que dava ao jardim do quarto, pode finalmente, após de olhos fechados, ao abrir o campo de sua retina, ser inundada pelo Prana! Algo a fez respirar profundamente, e uma paz inundou-a lenta e gradativamente... Este tomou-lhe cada célula do corpo denso, e já não mais sentiu sua massa, apenas a luz intensa a tomar-lhe o espírito.
Num som criado em seu íntimo, numa forma de flauta, ou canto de sereia que clama, ela sorriu...
Algo de muito distante lhe dizia, a resposta de quem és está hoje em sua alma!
Cassandra sentiu em seu pó em forma de vida, finalmente que alguém a ouvira!
Permaneceu de olhos calmos e trancados. E como se estivesse anestesiada, como se suas prostaglandinas fossem todas acionadas, a atrair os fagócitos dos processos inflamatórios de sua alma, enquanto o tempo simplesmente cessou ali!
Aquela voz, aquela resposta...
Simplesmente divinas...
Como num vento límpido e calmo, dançando conforme o Mantra que a inundou, lhe disse suave e incisivamente:  


À pergunta de Cassandra...



- Pergunta-me o por que... Pergunta-me a razão... Pergunta-me quem és... Olha! Olha apenas para aquilo que paira sobre as águas... O que vê? Não é uma forma suave de energia reluzente e dourada? Não possui como tentáculos desiguais a nascerem e espalhar-se até sua periferia?
Como explosão de um jato a sobrevoar a estratosfera, são assim os raios dos braços que possui... Como ímã que atrai o oposto, assim é a forma de teu espírito. Acaso não me pediste isso antes de partir de onde estou a ouvi-la hoje? Acaso não se recorda de ter escolhido atrair, limpar, perdoar e amar somente? Não pediste a mim, no dia em que partiu daqui, ser amada... Compreendida ou curada. Recorda? Pediste que a energia fosse totalmente usada à favor daquele que atraísse. Indiferente da dor, da lástima ou do tamanho da ilusão. Não recorda? Por isso da dor, da lástima e da ilusão... 
Mas todo sentimento que desejar será conferido. Se amar, serão abençoados os teus, se amaldiçoar, serão terrivelmente tenebrosos os dias destes. Pede e eu lhe concederei... Pois é para isto que aí ainda se encontra. Tem data tua volta, não a adiante. Muitos são os que surgirão, e não a amarão, pois é para isto que ainda não voltaste à mim. E é por isso, para receber o amor, que tão somente estes serão por ti atraídos! Entende agora o que és?... Ainda assim, os perdoará, os amará e os desejará a plenitude que já não se recorda mais que muito em breve possuirás!
Cassandra... Assim é.


E ela simplesmente sorriu... Pois sabia, esta era a resposta, vinda de quem tanto, por tanto tempo aguardara... 


Escritora Tereza Reche


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