sábado, 29 de agosto de 2015


MINHA ALMA

Onde se encontram provas de que ao cortar o vínculo mais injusto já visto, entre onde estou e onde pretendo é danoso?
Provem-me! Onde?
Só especulação, supostas respostas. Não, ninguém sabe, ninguém viu. 
Tão somente não!
Então deixe-me em paz, uma paz única, que não é sua, não lhes pertence.
Deixe-me pensar por mim, saiam das redondezas inferindo o que posso ou não, culpando-me pelo que sequer o fiz. Ainda...
Não me venham exclamar meu erro, minha covardia. Simplesmente permitam-me viajar, como sempre o fiz...

Ah se estivesse eu a partir... Ah se estivesse eu enfim, silenciosamente em paz. Sem ouvi-los, sem vê-los, sem tê-los aqui!Somente estar distante de cada um por fim, cada um e todos!Parem de ver-me exteriormente, sendo que jamais viram-me na única essência em que realmente me conheceriam. 

Tudo é tão falso, superficial e maléfico.
Tão nauseante, que obrigo-me todo o tempo viver nauseando-lhes. Causam-me dor, infâmia e esforço sobremodo todo instante. Encenando, respondendo e ocultando... Pois jamais, em tempo algum, neste ou noutro haverão de conhecer o que de fato sou. E se acaso, sequer se interessam pelo maior drama, onde está a razão de perseguirem meu anseio?
Meu desejo pelo fim é tão iminente e tão distante, tão imponente e inalcançável.
Interesse qual há na alma que não mais deseja existir.
Apenas que cessem as palavras, os ruídos, o sentir, o calor e, sobretudo, o Ser.
Mas me apontaram certo dia o indicador, dizendo que jamais deixaríamos de "ser", pois, para sempre minha alma "seria".
Então? Caso o seja, me cansaria todo o tempo, fugiria todas as eternidades de todos os lugares, rejeitando ali estar. 
Até que um silêncio dentro de mim eu finalmente alcançasse.
Por hoje, se cesse a especulação, busquem outros olhares, desviem dos meus. 
Corja de pensadores, amontoado de palha seca!
Onde estão seus argumentos contra qualquer ato?
Apenas pseudo-retórica de outras não menos vãs.
Tão exaustivo são cada um de seus passos, hilários e obscuros demais para servirem de algum riso meu.
Nem ao menos para deleitar-me no neologismo da ridicularidade servem-me! Imploro aos que de cima avistam minha sombra, pela altura de seus orgulhos...


Ajudem-me, salvem-me esquecendo-se de tudo que lembrar meu suposto existir!



Escritora Tereza Reche



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