Segue mais um pequeno trecho do capítulo que estou escrevendo do romance "Armadilhas de Um Tempo"...
"Sim...Pensou Catalina vagamente em sua mente confusa pelas
torturas e dores, aquela voz...Era sim Ângela, mas onde ela estava? Estaria ela
no paraíso? Ou era um sonho? O que era aquilo? Precisava pensar, assimilar tudo
aquilo... Enquanto sua lenta mente, deteriorada pelos meses de tortura
constante tentavam captar aquele cenário atípico, um frei que acompanhava Ângela tomou a frágil moça nos braços. Retiraram-na de forma calma, pois traziam uma
carta assinada pelo cardeal Afonso de Portugal, qual tinha contato e amizade próxima
com a agora madre superiora da 3ªOrdem do Carmo. Afonso era um cardeal infante,
tinha apenas 30 anos, mas sua aversão pelo protestantismo era explicito, não
permitia sequer livros e escritas advindos da Alemanha na época, visto que o
rei Henrique VIII havia se desligado de Roma por se apaixonar por Ana
Bolenna...
A inquisição em Portugal era relativamente letárgica em relação
á Espanha, porém, Afonso preparava o campo para uma batalha tão sangrenta quanto.
Porém, a amizade dele com Ângela, e seu desconhecimento acerca dos verdadeiros
ideais dela, lhe davam privilégios indiscutíveis, ainda mais em tempos como
aqueles... E nesse emaranhado de interesses, vínculos de amizades e segredos,
Catalina finalmente estava livre.
E como se a alma dela fosse a alma de Esteban, e a dele fosse
a dela, a liberdade que soprava ventilando seu espírito, foi um refrigério para
o dele mesmo á distância em meio aos lençóis moribundos do corpo cansado e
inerte daquele rapaz.
Seus olhos despertaram de repente, o corpo não movia, estava
fraco demais, porém, o olhar abriu para ver o que era aquela sensação de
liberdade estranha que de repente tomou sua alma.
Sua mente voltava mais uma vez ao passado, daquela tarde tão
bela, e um sorriso quase tolo surgiu depois de tantos meses no rosto ressequido
do rapaz... O coração inexplicavelmente parecia saltar no peito que pouco lhe
chiava a respirar com esforço naqueles dias... Que felicidade estranha seria aquela...
Estaria ele ficando louco?
Estaria por fim enlouquecido por tanto sofrimento e espera? Ficou
confuso, tentou levantar-se... Sentiu dificuldade, mas sentou-se, e pode alcançar
ao menos o raio fino do Sol no seu olhar tão tristonho, que agora transbordava
uma felicidade singela e harmoniosa, quase divinal... Quase insana... Sem
identificar o que e por que dela... Apenas sorriu.
Na longa estrada de partida, a carruagem que levava Catalina,
era escoltada por cavalos brancos e seguranças do clero. Ela estava adormecida,
até que a brisa fria despertou seu sono leve, e pode ver lá fora, finalmente
uma luz que há mais de um ano não via... Levou as mãos aos olhos, estavam ainda
sensíveis demais, voltou o rosto ao ombro de Ângela que a acalentou como uma mãe,
e então voltou á adormecer."
parabens Tereza... muito bom!!! gostei da parte que a brisa acorda ela.. e a foto da montanha rssss vagner
ResponderExcluirA montanha repousa um imenso mosteiro, belíssimo que até os dias atuais se mantém perfeito! Quando o vi pela primeira vez em uma revista de viagens, não exitei rsrs o escolhi como cenário para o cárcere de Catalina ;)Que bom que gostou, espero que todos também apreciem a história =)
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